Transparencias pessoais .
Trazia uma vida inteira nas costas. A pesar-lhe, ao mesmo tempo que lhe se atrasavam os passos. Sabia para onde queria ir, mas não sabia como fazê-lo. Sabia o que já não queria, sabia exatamente onde começavam as suas lutas, mas sentia-se morrer aos bocadinhos em cada passo não dado. Torturava-se com isso. Torturava-se com as perguntas que lhe faziam e, por muito que as suas respostas fossem verdades, ninguém parecia entender.
Queria fazer o que era suposto, deixar de adiar a vida e viver. Queria percorrer o que vivia nos sonhos e sentir as coisas bonitas que a vida lhe trazia à porta. Mas não era fácil. E não era comodismo ou falta de coragem. Era medo. Dos fins. Dos recomeços. Dos intervalos entre ambos. Era medo de cair e não ter por onde se levantar. Era medo de reviver situações que marcaram. Era medo que outros se magoassem nessa travessia. Era, principalmente, o medo de se perder num caminho sem luz à vista!
E o que, para uns parece inércia, para ela é precaução. E o que para uns é comodismo, para ela é a procura do momento certo. No tempo dela.