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Pequenos grandes nadas que me vao acontecendo...
Conhecer as pessoas é como ler um livro.
Vê-se a capa e tiram-se conclusões. Aproximamo-nos daquilo com que nos identificamos e temos tendência a repelir o que à primeira vista não faz parte de nós.
Estranhamos o diferente e sentimo-nos seduzidos por aquilo que mais se identifica connosco. Muitas vezes ficamo-nos pela capa enquanto franzimos o nariz num acto mais duvidoso.
Na maioria dos casos a vida nunca é aquilo que definimos, aquilo que sonhamos ou mesmo aquilo que entendemos que seja. As pessoas nem sempre são aquilo que pensamos que eram, aquilo que sonhamos que sejam ou aquilo que entendemos que devem ser. Porque, afinal, não se trata de nós, trata-se apenas deles, os outros. Pelo caminho temos ilusões e desilusões, sonhos desfeitos e sonhos alcançados, vitórias e derrotas, amores e desamores, riso e choro e muitas, mas mesmo muitas, certezas e dúvidas. Pelo caminho misturamos ingredientes, alteramos rotas, questionamos vontades e avançamos sempre com certezas absolutas ou apenas incertezas sentidas.
Esquecemo-nos. Esquecemo-nos demasiadas vezes de saborear aquilo que insistimos em devorar: as aprendizagens e os conhecimentos.
Raramente paramos, apenas, para pensar!
Por vezes também acontece que misturamos a realidade com a ficção. Sonha-se sobre o que se vive e vive-se sobre o que se sonha. Criam-se personagens que se cruzam connosco e a partir de determinado momento torna-se impossível saber o que é nosso e o que não é.
Sonha-se muito e age-se muito pouco.
Penso que existe um momento na vida em que todos temos saudades da nossa infância. Falta-nos o colo, falta-nos, sobretudo o colo daqueles que amamos. Falta-nos a desresponsabilização e as brincadeiras inocentes. Falta-nos o riso, a honestidade de opiniões e a sinceridade nos gestos. Irónico se pensarmos que em crianças queremos tanto crescer, e quando crescemos dávamos tudo para voltar a ser crianças. Esquecemo-nos de quem fomos e procuramo-nos constantemente nos outros
Amamos de uma forma tão egoísta que se não formos correspondidos, cobramos. Cobramos atenção e cobramos tudo o que demos. Um dia já me apeteceu ficar, apenas, por ficar. Parar de lutar e entregar-me aos desânimos e às tristezas. Depois percebi que não são tristezas, são apenas lições de vida que se podem tornar em grandes aprendizagens.
Depois, percebi que era eu que decidia. Era eu que decidia entre cair e levantar, chorar e sorrir, parar e avançar.
E de que é que precisamos todos nós? Numa sociedade em que nos ocupamos cada vez mais, do que precisamos é de quem nos ouça. Apenas de quem nos ouça. Por vezes, ansiamos apenas por um debitar de palavras que nos organizem as ideias. Por vezes necessitamos apenas de uns ouvidos que ouçam e uns olhos que nos sorriam enquanto nos ouvimos a nós mesmos num inevitável debitar de palavras doces ou amargas.
Procuramos tanto mas esquecemo-nos de nos procurar num ser e num estar que é nosso, apenas nosso.
Procuramos tanto mas esquecemo-nos de ser quem somos, apenas isso: sermos quem somos.
Parar, por momentos, e sentir-se.
Sentirmos apenas quem somos e para onde queremos ir.
E isto!
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