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Diario de Bordo

Pequenos grandes nadas que me vao acontecendo...

Diario de Bordo

Pequenos grandes nadas que me vao acontecendo...

Seg | 02.12.19

Esquecer!...

Calimero
Tentar esquecer deve ser das coisas mais difíceis do mundo.
Durante a nossa vida, esquecemo-nos de tantas coisas.
Coisas banais: como as chaves do carro, ou da casa, o sítio onde deixámos aquele número apontado, que agora nos faz falta, de uma ou outra data de aniversário.
Esquecemo-nos de tudo, menos daquilo que nos queremos esquecer. Obrigar a esquecer é um exercício que desafia a lógica.
Temos a mania sádica de guardar as mágoas. De repetir a angústia dos momentos tristes, como se o botão de repetição estivesse encravado.
De reviver os momentos que um dia foram uma alegria imensa, mas que agora apenas se arrastam por dentro como fantasmas dispostos a atormentar-nos de cada vez que as luzes se apagam. O amor é um bicho do caraças. Quando amamos com as tripas de fora – a única forma de amar que conheço -  julgamos que a nossa felicidade será, para sempre, à prova de bala. Mas até os amores à prova de bala podem ser feridos mortalmente. Somos definidos pela nossa fragilidade. As nossas relações acompanham-nos. Aqui, no campo de batalha, no meio da lama, todos podemos cair: a perfeição serve apenas para nos obrigar a olhar em frente. O que fica depois da queda, além da lama no rosto, são as recordações, as memórias, as chagas. Tentar esquecer, deve ser das coisas mais difíceis do mundo. Obrigar o coração a avançar é impossível: deve ser por isso que ele bate por conta própria. Um dia partilhámos beijos, carne na carne, palavras de amor, alma na alma, momentos, cidades, imagens, danças, sorrisos. Como podemos obrigar-nos a esquecer quem amámos, quando aquilo que queremos esquecer, é aquilo que os faz ficar? São estes paradoxos que nos desgastam por dentro. São estas as cólicas que nos deixam a pensar: se o amor é uma máquina de criar monstros, talvez o melhor seja amar de caçadeira na mão. E no entretanto entre este pensamento e a próxima insónia, acabamos por esquecer tudo isto. Caímos na armadilha e voltamos a dar de nós. Porque, apesar de tudo, o amor é necessário. Um dia há-de ser de vez. Ninguém sai daqui vivo – li eu, um dia destes. 
 
(Um sorriso, depois do ponto final.)
 
 
 
Obrigar o coraçao avançar é impossivel: deve ser por isso que ele bate por conta propria.
 
 
#pedrodrigues  2015
 
 

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