A linha que separa o Medo..e o Pânico!
Para refletir!
Eu que ando com este drama ca dentro, e com o coração apertado pelos meus filhos, deparei-me com este excerto dum artigo que foi publicado justamente aqui no portal SAPO 24 o que foi partilhado por uma grande amiga e que me prendeu a atenção !
UMA COISA É O MEDO, QUE NOS PROTEGE, OUTRA COISA É O PÂNICO, QUE NOS DESORGANIZA COMPLETAMENTE"Paulo Oom
"As notícias, aqui, têm muita importância. Estar todos os dias a dizer: "morreu um de Covid", "morreram três de Covid", "morreram seis de Covid", cria pânico. Não sei até que ponto não é proposital, porque em Portugal morrem em média 250 a 300 pessoas por dia. Qual é o interesse em saber que morreram dois de Covid, geralmente doentes com comorbidade? Se fossem dois mil a morrer de Covid percebo que fosse notícia. Não sei se a necessidade de dar a notícia não é, de algum modo, uma tentativa para criar medo, porque o medo leva a que as pessoas cumpram mais as regras", admite o pediatra.Só que a diferença entre medo e pânico é grande: "Uma coisa é o medo, que nos protege, outra coisa é o pânico, que nos desorganiza completamente", afirma. "E, a certa altura, estas notícias, sobretudo junto dos mais vulneráveis, não criam medo, criam pânico. Ao criarem pânico já não estão a fazer aquilo que devem. Esta distinção é muito importante", considera.Albino Oliveira-Maia, investigador em neurociência, explica: "Do ponto de vista psicológico, o medo não é apenas em relação à saúde da criança, é também da criança enquanto veículo de transmissão. O medo é uma experiência muito visceral e a expressão cognitiva do medo pode não ser o reflexo exato dos motivos pelo qual o medo ocorre. Podemos sentir medo e, posteriormente, construir o motivo pelo qual o sentimos. O motivo pelo qual os pais têm medo é centrado na existência do medo e não na lógica dos argumentos. Numa abordagem frequente na psicoterapia, nomeadamente na psicoterapia cognitiva ou comportamental, há circunstâncias em que o medo não se deve desconstruir, porque é adaptativo, protege-nos. E um dos problemas em relação à situação atual é que, em última análise, ninguém tem uma certeza muito concreta daquilo que é totalmente certo ou totalmente errado e as pessoas têm tido acesso a isso porque as opiniões dos peritos têm mudado em relação a muitas coisas (seis meses é muito pouco tempo para conhecer o comportamento de uma doença). Morrem muito poucas crianças com esta infeção e aquelas que morrem tipicamente são as que têm alguma doença grave subjacente. Mas isto é uma coisa nova, os médicos não sabem muito, os epidemiologistas parece que andam muitas vezes às aranhas, acontecem coisas inesperadas à direita e à esquerda. Portanto, até que ponto posso ter a certeza de que dentro de dez ou quinze ou vinte anos o facto de eu, o meu filho ou alguém da minha família ter sido infetado não virá a trazer uma consequência terrível? Isto é um esforço meu no sentido de fazer uma construção cognitiva por trás daquilo que a incerteza traz".
Dias tão estranhos e dificies estes que atravesso!