De cada vez que fico triste é como se o chão se abrisse debaixo de mim, rasgo-me toda por dentro e cada lágrima que me cai é como se me queimasse. Mas, em contrapartida, de cada vez que estou feliz é como se dos meus olhos saísse fogo de artifício, como se a lava de um vulcão me atravessasse a alma. Ser intensa é viver no limiar dos extremos opostos. É viver e sentir no limbo entre o oito e o oitenta. É sentir tudo no momento para depois não sentir nada. É o impulso de viver todos os momentos à flor da pele e não saber distinguir que são só momentos, que os instantes não duram uma vida inteira. É não ter meio termo. É não saber ser morno neste mundo de pessoas descartáveis. É a personificação de confusão de tantos sentimentos que fervem por dentro. É sofrer por sentir tanto e por tão poucas perceberem o que isso é. É ser o amor e o ódio na mesma pessoa. Amor de quem ficou e se atravessou para conhecer. O ódio de quem não viu, não perdeu tempo e foi embora. É não saber onde largar tanta intensidade. É cair, levantar e querer sentir tudo outra vez. É ter tanta personalidade que a impulsividade impera. É não deixar nada para depois. É dar o peito às balas. E só quem a abre o peito, quem se torna íntimo consegue lidar com alguém assim. É viver com entusiasmo, com borboletas no estômago e fazer tudo como se fosse a primeira vez. Não me peçam para sentir menos. Não sei ser menos do que isto. É o mesmo que me roubarem de mim.
Achamos sempre que a vida nos vai enviar uma mensagem ou um sinal luminoso e barulhento de quando será a última vez... Mas a vida não avisa. E enquanto isso, adiamos pessoas, adiamos momentos porque "amanhã dá mais jeito". Adiamos a vida porque hoje a vida não presta e amanhã será melhor.
É sempre o que pensamos, que temos tempo. Mas cada dia que passa é um dia a menos para o fim... E continuamos demasiado ocupados com os nossos umbigos. E não fizemos, não dissemos... E as pessoas vão-se sem que lhes tivéssemos dado aquilo que mereciam. E contra mim falo que, embora faça questão de dizer aos meus o quanto me são, ainda me perco na incerteza do amanhã e também eu tenho adiado momentos. Porque está a chover, porque o dia hoje foi difícil, porque, porque e porque...
E na verdade, devo a cada uma das pessoas que faz parte da minha vida toda a minha disponibilidade para os abraçar, para os fazer sorrir, tal e qual fazem comigo. Devo-lhes o facto de me manter o coração quentinho com o trato que me dão e a certeza de que caminham comigo. Sou absolutamente grata por tudo. Por serem. Por estarem. Por existirem.
Para mim, é o único balanço ou retrospectiva possível... As pessoas.
O que fazem connosco e o que fazemos com elas.
É a única coisa que importa. Porque as pessoas são a outra metade da nossa vida...
Parecem estúpidas as saudades curtas. São certamente insensíveis e solipsistas, perante as saudades longas e profundas, que não têm cura nem, por serem insolúveis, têm a esperança de, um dia, deixarem de existir.
São saudades de uma hora, de um almoço perdido, de uma tarde interrompida. Parecem irracionais e ingratas, estas saudades curtas, de que sofrem as pessoas apaixonadas e felizes ou infelizes.
…
Morra quem morra, com a maior ou mais pequena das antecedências, o certo é que o tempo da vida e da saudade está contado.
Cada hora que não estou com ela está para sempre, definitivamente, finitamente perdida. E é daí que vêm as saudades curtas do amor, que tomam cada momento por uma vida. Só por amor se vive assim. "
Benditos sejam os que chegam em nossa vida em silêncio, com passos leves para não acordar nossas dores, não despertar nossos fantasmas, não ressuscitar nossos medos.
Benditos sejam os que se dirigem a nós com leveza, com gentileza, falando o idioma da paz pra não assustar nossa alma.
Benditos sejam os que tocam nosso coração com carinho, nos olham com respeito e nos aceitam inteiros com todos os erros e imperfeições.
Benditos sejam os que podendo ser qualquer coisa em nossa vida, escolhem ser doação.
Benditos sejam esses seres iluminados que nos chegam como anjo, como flor ou passarinho, que dão asas aos nossos sonhos e tendo a liberdade de ir escolhem ficar e ser ninho.
Que saibas percorrer cada pedaço do teu CORAÇÃO, onde guardas (só) o que importa. O que importa de verdade.
Que saibas morar em cada ABRAÇO. Que saibas abraçar cada mão dada. Que saibas entregar-te em cada olhar.
Que saibas sentir cada SORRISO.
Que saibas curar em cada beijo. Que saibas amar as pessoas. As tuas pessoas. As que ficam. As que ficam sempre. Para sempre.
(E que saibas, também, que afinal as tuas pessoas não são tantas assim.)
Que saibas tatuar CORAÇÕES com a tua vida. Que saibas deixar que outras vidas te tatuem o coração. Que saibas agradecer cada milagre.
Que saibas encontrar força para cada tempestade. Que saibas viver e ser, sempre, com o CORAÇÃO.
Que saibas viver e ser, sempre, com AMOR. Todos os dias. Porque, enquanto os anos passam, é só isto que fica. E que te salva. Sempre. Para sempre. Que o saibas, também.